
Mas porque tendemos a esconder o nosso estado de espírito? Para esta questão existem diferentes possibilidades de resposta. Por um lado porque não queremos parecer fracos aos outros e, quando estamos mais vulneráveis/tristes, tendemos a esconder isso, porque é algo que parece que não é socialmente bem aceite nos tempos que correm! Quase como se houvesse uma norma que corta o direito a alguém de estar triste e de o afirmar! Não tem nada de mal! Está-se triste. E depois? Que mal tem? Tal como a alegria é efémera, também a tristeza passa. E há depois o jogo das antíteses: para haver alegria tem sempre que haver algures uma tristeza, uma não existe sem a outra, pois só conhecendo ambas desenvolvemos a capacidade de as identificar.
E então sorrimos! Sorrimos não com um sorriso triste, nem com um sorriso alegre. Simplesmente ginasticamos os lábios, esticando-os numa posição que se assemelha a um sorriso. Os olhos brilham de dor, mas a nossa expressão facial é serena e acompanhada por um sorriso renascentista, impávido e sereno, como se estivéssemos à espera que nos tirassem o retrato. A diferença é que, desta vez, não estamos com o nosso fato domingueiro!
E assim passam a maior parte das pessoas na maior parte dos dias! Se nos sentarmos num banco numa rua e observarmos quem passa, vamos constatar isso! As pessoas passeiam-se pelas ruas envergando o seu sorriso de Monalisa! E isso é triste! É socialmente triste! Antropologicamente triste! Porque as pessoas até se podem rir, mas as pessoas riem-se quando alguém lhes conta algo engraçado, é algo passageiro! No entanto, as pessoas sorriem, com um sorriso aberto e sincero, quando verdadeiramente estão felizes!
Mas não se pode falar disto! Não se pode estar triste! É um pecado social! Por isso vamos todos continuar com o nosso sorriso davinciano!
Sem comentários:
Enviar um comentário