domingo, 18 de janeiro de 2009

O império do medo


Ouvimos constantemente que a idade e a experiência nos trazem sabedoria. Dizem-nos que as coisas pelas quais passamos servem para nos tornar mais fortes. Que o nosso passado nos estruturou e fortificou e, no entanto, vivemos com medo, completamente dominados pelos nossos receios. Isto é algo que me parece um contracenso.

Mas é algo que acontece frequentemente. E contra mim aqui falo também. O nosso passado, que nos devia fortalecer, também traz consigo os nossos fantasmas e, esses, enfraquecem-nos. Passamos a ter medo, um receio incontornável do que pode acontecer. O futuro passa a assustar-nos por causa do que nos aconteceu no passado e, no meio disso tudo, acabamos por desperdiçar o presente e, possivelmente, hipotecar o futuro.

Porque se deixa de arriscar? Porque algures no passado arriscámos e a coisa não deu certo? Passa a ser mais confortável fugir, mantendo viva a incerteza do que poderia ter sido, do que tentar? Porquê? É algo que não percebo.

No fim acabamos apenas por nos sermos nós próprios os causadores das nossas mágoas. Criámos um monstro (o medo) e estamos constantemente a alimentá-lo. Duvidamos das nossas capacidades. Duvidamos dos outros. Será que no futuro, quando olharmos para trás, vamos pensar que valeu a pena? Ou vamos estar tão cegos e controlados pelos nossos receios que já nem iremos conseguir descortinar que apenas nos limitámos a deixar de viver as experiências que nos estavam a ser proporcionadas.

Li isto algures:

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

E é bem verdade. Quando nos deixamos controlar pelo medo ficamos paralizados, deixamos de viver. Existimos, mas não vivemos. Depois podemos tentar ignorar as coisas, fingir que nunca lá estiveram, mas algures no nosso íntimo ficará sempre a semente do "e se". E se eu tivesse... mas normalmente nessa altura já é tarde demais. Ou não? Não sei responder a isto. Por ser mais cómodo arranjamos desculpas do tipo "o que tiver que acontecer acontecerá" ou "se não aconteceu é porque não tinha que acontecer". Isto tudo para tentarmos tirar de nós um aguilhão de culpa pela nossa fraqueza que nos prende nas entranhas. Como se nada fosse culpa nossa e todos fossemos apenas uns meros peões num jogo maior. Mas temos uma vontade própria, uma vontade só nossa. E na luta entre a nossa vontade e o nosso medo, muitas vezes vence o medo.

Não é o dinheiro que controla o mundo. Nem o sexo. É o medo! Este medo de arriscar é a maior desumanidade de todos nós. É ele que nos faz deixar de viver e de saborear os momentos e as experiências que vamos tendo, ou que deixamos de ter por causa dele! Não gosto do medo, mas todos vivemos com medo!

Sem comentários: