quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A nova agenda social

Os tempos mudam e com eles mudam também os comportamentos e as formas de convivência entre as pessoas. Recordo-me, por exemplo, quando eu era mais pequeno chegava-se ao fim-de-semana e as pessoas iam passear e/ou, se o tempo o permitisse, fazer uns pique-niques (para não usar o inglês pic-nic). Durante a semana brincava-se na rua sem medo de assaltos, raptos pedófilos ou atropelos por um autocarro. Andava-se de bicicleta, faziam-se carrinhos de rolamentos, tocava-se à campaínha e fugia-se! Era uma existência vivida fora de quatro paredes, na rua, em contacto com os amigos e convivendo ao ar livre. A televisão também só começava mais tarde e iniciava sempre com a tele-escola (que era uma estupada que ninguém aguentava).

Hoje em dia tudo mudou! A juventude tem uma vida social muito mais activa!

A juventude passa a maior parte do seu tempo na Escola (os mais adultos nas universidades e os mais adultos ainda nos seus locais de trabalho) onde se convive com amigos e colegas! Depois, quando este período do dia termina começa a verdadeira animação e o verdadeiro convívio entre os jovens. Nos portões da escola, entre um e outro palavrão corriqueiro com que hoje em dia a juventude nos presenteia, (em que um "caralho" "foda-se" significa um "estás bem gajo?") eles despedem-se com um até já!

Porquê até já? Porque eles vão a casa mudar de roupa e depois irem brincar ou conviver juntos? Não! Porque assim que chegarem a casa, vão vegetar frente a um computador para continuarem a conversar, mas através do msn! Ou então vão ver os "aifaives" uns dos outros, pra verem se alguma coisa foi acrescentada desde a última vez em que os tinham visto (provavelmente uns vinte minutos antes).

Hoje o convívio e o conhecimento das pessoas faz-se através dos computadores. Parece que de um momento para o outro toda a gente deixou de ser capaz de falar uns com os outros sem ter uma máquina pelo meio! A sociedade comtemporânea vive uma doença relacional! Com os computadores as pessoas sentem-se protegidas e têm permissão para criar mundos e universos alternativos, onde possam viver, esquecendo-se das tristezas da sua vida e tentando eliminar recalcamentos ao pensarem que são o que sabem não ser! Depois quando passam a um contacto presencial frustram-se, pois perderam essa capacidade de se darem a conhecer e de aceitarem o outro como é. E então desvaloriza-se a pessoa e valoriza-se a máquina, algo quase como se "eu só existo enquanto tenho um computador para poder falar", sem ele não se existe! E depois ainda se estranha que se viva hoje em dia uma profunda crise de valores! Enfim...

O que fazer perante uma situação como esta? Não sei... Eu cá vou às compras!

1 comentário:

ELERITZ disse...

concordo plenamente. compras fazem bem a todos os males, especialmente hoje em dia nos tempos da crise ganham o doce sabor dum prazer interdito;)