domingo, 6 de setembro de 2009

O império do medo III

É um livro que me tem feito pensar bastante. Não porque seja um romance de uma intemporalidade profunda, mas apenas porque coloca por palavras muitos tópicos sobre os quais eu há muito já pensava e com os quais, de uma forma geral, concordo bastante.

O medo controla-nos na vida. um medo que tem várias origens e que se manifesta em diferentes alturas da nossa vida, com maior ou menor força. Não sei ao certo quando surge esse medo na nossa existência. Talvez surja quando, pela primeira vez, nos comparamos com o outro e, por qualquer motivo nos sentimos diminuídos.

Diz-nos Eckhart Tolle que «o medo manifesta-se na forma de um inquietante e constante sentimento de não ser digno ou suficiente bom». E isto é bem verdade! Conhecemos alguém por quem nos começamos a interessar e, de repente, temos medo daquilo que nós próprio sentimos, não só porque sentimos que nos escapa um pouco ao controlo, mas também (e talvez essencialmente por isso) por não nos sentirmos dignos ou suficientemente merecedores das atenções que sobre nós recaem.

Estes receios levam-nos a fazer tremendos disparates. Numa primeira reacção instintiva, quase animal, perante o receio que pressentimos face ao que começamos a sentir, temos tendência a nos afastar. Esse afastamento, por muito subtil que seja, é percepcionado pelo outro o que, por sua vez, o leva também a retrair-se um pouco.

Então entra-se um pouco numa fase despesista, em que, seja de que maneira for, se procura apagar o medo de perdermos e/ou não sabermos lidar com o que sentimos numa tentativa de se compensar o vazio que se sente por dentro, fruto do medo e alimentado por ele. E então começamos-nos a sentir inseguros.

Esta insegurança vai transfigurar-se em diferentes perspectivas. Vamos começar a duvidar de nós e do que sentimos e não só isso, mas começamos a duvidar mesmo da força daquilo que sentimos. Logo de seguida ficamos com medo do futuro, de não termos certezas quanto ao futuro e, por norma, o ser humano gosta de ter as suas certezas. Só que acabamos por nos esquecer de algo bastante importante, tão absortos estamos nos nossos receios e projecções futuras. O tempo não passa de uma ilusão, por isso devemos-nos centrar naquilo que realmente é o importante, o Aqui e o Agora.

Eckhart Tolle dá uma resposta ao porquê da importância do agora. Diz-nos ele «porque é que ele é a coisa mais preciosa? Em primeiro lugar, porque é a única coisa. É tudo o que existe» (...) «o espaço dentro do qual toda a sua vida se processa» (...) «a Vida é agora». Por isso enquanto estamos a projectar os nossos receios num futuro incerto e inexistente, estamos a perder a nossa oportunidade de viver o agora, de sermos felizes agora, que afinal é o tudo que temos mesmo.

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