quinta-feira, 6 de março de 2008

Jardinagens

Há coisas neste país que me deixam verdadeiramente a pensar naquilo que se chama a alma da Nação. São episódios que, por muito que uma pessoa se debruce sobre eles, não deixam nunca de nos fascinar. Ainda ontem, quando ia a caminho do trabalho, me deparei com uma destas situações.

Vou eu muito bem dentro do meu bógas, quentinho, a ouvir o Café da Manhã na RFM, ainda meio zombie por ter que acordar cedo quando, ao passar por uma urbanização algo nova, com ar de condomínio, com vivendas num estilo razoavelmente moderno (daquelas que hoje em dia se constróem muito, pintadas de amarelo com os cunhais a branco, bem como as ombreiras das portas e janelas, dá pra ver o estilo não dá?), com um espaço relvado à frente.

Até agora nada de mais. Muitas vezes quem compra este tipo de vivendas são, por norma, pessoas reformadas ou à beira disso, pra quem a jardinagem acaba por ser um bonito passatempo.

Aquilo que me chamou a atenção, nos poucos segundos que tive disponíveis para poder observar, foi uma senhora, provavelmente a dona da casa, trajando uma bela bata abotoada da fascinante colecção Primavera/Inverno de 1967, protegendo o seu cucuruto com 1 chapéu apanamado que se adquire em qualquer feira ou mercado de rua, na parte de frente da casa trabalhando afincadamente na sua jardinagem.

E foi então que reparei que, no meio do espaço relvado, lá estavam elas! Por momentos ainda pensei que estava a ver um qualquer jardim barroco ao estilo francês. Mas não! Elas ali estavam, altivas, erguidas ao sol da manhã! Tugas como só elas sabem ser!

E a tal senhora velava por elas! Olhando-as com tal amor! Aquele calor no olhar fazia esquecer o frio matinal!

É isso mesmo. Para quê plantar rosas, begónias, túlipas, estrelícias ou camélias quando se pode simplesmente plantar couves?

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