domingo, 27 de janeiro de 2008

O Psicanalista

Se há um livro que me marcou em 2007 e que posso, sem qualquer sombra de dúvida, considerar como um dos melhores livros editados no ano passado, foi "O Psicanalista" de John Katzenbach.

A sinopse do livro vem na contra-capa e reza o seguinte:

«Um 53º aniversário muito feliz, senhor doutor. Seja bem-vindo ao primeiro dia da sua morte».O psicanalista nova-iorquino Frederick Starks acaba de receber uma misteriosa e ameaçadora carta. Sem perceber como, nem porquê, a sua vida rotineira é lançada ao caos. Encontra-se no centro de um jogo diabólico, concebido por um homem que se intitula Rumplestiltskin. Este jogo tem as suas regras: no prazo de duas semanas Starks tem que descobrir a verdadeira identidade do autor da carta e a razão da sua fúria. Se conseguir, fica livre. Se não, Rumplestiltskin destruirá, um a um, os seus parentes mais queridos, a menos que o psicanalista aceite suicidar-se. «Uma coisa pode ter a certeza. A minha fúria não conhece limites.»Ignorar a ameaça não é uma opção. Starks entra numa autêntica corrida contra o tempo, onde se vê à mercê do perverso jogo de vingança de um psicopata que controla as suas contas bancárias, os seus pacientes, a sua casa e a sua reputação. Nada nem ninguém está a salvo.»



O que me impressionou neste livro? Além de ser uma história muito bem conseguida e na qual se pode aplicar o provérbio "quando o feitiço se vira contra o feiticeiro", o que mais me impressionou foi a capacidade que o autor teve de explorar a história com a riqueza das personagens e a complexidade das mesmas, o que me leva a pensar num ponto: é um génio com certeza por escrever uma obra desta envergadura e que nos prende da primeira à última página. Mas também deve ter o seu lado perverso e insano bem activo para ser também capaz de criar tal trama!

Somos levados por esta história de dupla vingança! Damos por nós numa primeira fase a lamentar a sucessão de episódios que atingem o personagem principal e, numa segunda fase, a planear com ele uma vingança pelo mal que nos fizeram.

Tirando isto o que nos faz pensar este livro? Como um erro feito algures no nosso passado, um erro do qual nem nos apercebemos por vezes, pode vir no futuro a ressurgir, apresentando os seus efeitos de uma forma arrasadora.

Quantas vezes paramos nós para pensar que todas as nossas acções acarretam consequências? Todas. Desde as mais corriqueiras, como a roupa que escolhemos para vestir, ou o caminho que tomamos em determinada altura, até às mais complexas, muitas vezes a nível profissional.

Pessoalmente costumo dizer que não me arrependo, por norma, daquilo que faço, mesmo que as consequências não venham a ser as desejadas. Não me arrependo porque as decisões que tomo, tomo-as em circunstâncias irrepetíveis, e como tal, únicas, por isso não posso arrepender-me de uma opção que numa determinada altura tomei, pois ponderando o conhecimento da altura, foi a melhor opção. Posso sim vir a lamentar essa decisão, pois o resultado não foi o esperado. Mas esse lamento é feito com conhecimento de mais informação que não existia aquando da tomada da decisão.

De que nos servem este tipo de pensamentos? Servem-nos de martírio para quando as coisas correm menos bem. Porque quando o resultado é positivo, ninguém pensa na conjuntura em que a decisão foi tomada. Mas uma coisa tenho aprendido, se bem que por vezes custa -la em prática. Temos que ser mais audazes, não ter medo do resultado. Agir de acordo com o nosso sentimento. Pois assim a acção será mais pura. Mas da mesma forma temos que ter a abertura de espírito para aceitar as consequências quando elas nos caiem em cima e a humildade de pedirmos desculpa e dizermos "errei" e aprender com esse erro.

Este livro fez-me pensar muito. Mexeu com o meu intelecto. Mexeu com todo o meu ser. Talvez porque quando leio um livro me embrenho de tal forma na história que acabo quase que por a vivenciar como se fosse minha. Mas afinal é para isso que as grandes obras existem: para nos identificarmos com elas e, de uma maneira ou de outra, reflectirmos sobre aquilo que somos enquanto seres humanos.

É um livro que vale a pena!

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