sábado, 2 de fevereiro de 2008

Roméo et Juliette

A história todos já a conhecem, por isso não é dela que venho aqui falar. Venho falar sim do musical feito em França já há um bom par de anos. Porquê referir este musical? Por uma razão muito simples. Porque penso que poderíamos aprender com ele, ou melhor, com a história que o envolve.

Como tudo isto foi feito? Como é que este espectáculo se transformou num dos maiores sucessos do mundo artístico francês, tendo ultrapassado as fronteiras de França e tido até tournés a nível mundial? O musical foi preparado e ensaiado como todos os musicais o são. Só que toda a produção que o envolveu foi, a meu ver, diferente. E é nesta diferença que temos uma lição a tomar.

Já com tudo preparado e ainda antes da estreia é lançado o CD com as principais músicas da história. É lançado primeiro o single "Les rois du monde" com o respectivo vídeoclip (podem vê-lo em www.youtube.com/watch?v=Mc5wi3zDbjM ). De seguida sai aquele que é capaz de ter sido o mais famoso single relacionado com este musical. Trata-se de "Aimer", onde surgem as personagens principais da história de Shakespeare (pode ser visto em www.youtube.com/watch?v=kL8qeWLoI8A ).

Qual a vantagem deste tipo de promoção? O CD atingiu os tops franceses e quando, finalmente, o musical estreou em Paris, algumas das músicas já eram conhecidas dos espectadores, que as podiam assim trautear, deixando-se embrenhar por toda a parte visual do espectáculo. Sim porque este é verdadeiramente um musical muito bem montado. Muito ao estilo de uma ópera-rock, cheia de luz e som, com um look bem moderno, em que a música, as canções, os intérpretes, os bailarinos, o décor, o guarda-roupa, a iluminação, tudo foi concebido por forma a nos prender visual e acusticamente, mesmo para quem não seja um grande apreciador de musicais. O DVD foi lançado e o sucesso continuou.

Sei que Portugal nao é a França e nem os portugueses lidam com as suas criações da mesma forma que os franceses valorizam os seus produtos. Mas devíamos olhar para este exemplo. Que me recorde, houve pelo menos dois grandes espectáculos que poderiam ainda hoje em dia estar em cena. Falo do "Passa por mim no Rossio" e, claro, do "Amália", que poderiam muito bem servir como postal/cartaz da produção lusa, quiçá atraindo espectadores que se deslocariam de propósito ao nosso país para os poderem apreciar.

Utopia ou não, dá que pensar! Porque não conseguimos manter em cena o que de melhor produzimos? Onde falha a vontade da continuação? Porquê recusar a noção de uma cultura mais comercial?

Deixo aqui um vídeo com a parte inicial deste musical fantástico que dá pelo nome de "Roméo et Juliette - de la haine a l'amour".

1 comentário:

Anónimo disse...

Adoraria que este musical passasse em Portugal. Só vi no youtube. Também vi lá a versão austriaca.