quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A verdadeira "democracia"

Hoje vinha no site do jornal O Público o seguinte: «ME vai ter que pagar substituição de docentes como serviço extraordinário». Este era o título que apelava à leitura da notícia. Dentro podia-se ler o seguinte: «A ministra da Educação disse hoje, em Matosinhos, que "não há providências cautelares que possam interromper o processo de avaliação" dos professores. Maria de Lurdes Rodrigues salientou que o processo de avaliação "está em campo e continua dentro da normalidade"».

O que tem isto de extravagante? Aparentemente é uma notícia como tantas outras. O que considero realmente alarmante são estas palavras ditas pela responsável máxima da educação em Portugal: «"não há providências cautelares que possam interromper o processo de avaliação"».

Considero esta afirmação de uma arrogância extrema. Como pode um membro de um governo vir a público afirmar uma coisa destas? Num país civilizado em que se quer e se acredita na separação de Poderes, é como dizer que o que os Tribunais vierem a decidir não importa pois a decisão já está tomada pelo governo.

Esta afirmação, que cai muito perto da desvalorização e completo desinteresse pelos tribunais, mostra-nos a visão que, aparentemente este governo e, neste caso, a Ministra da Educação têm da Democracia, pois parecem ver os tribunais como uns empecilhos que só servem para lhes complicar a vida e atrapalhar as suas ditas reformas "a bem da educação" e que, garantem, nada têm que ver com questões de ordem económico-financeira.

Antes dizia-se "o juíz decidiu, está decidido". Hoje parece ser mais algo do género "o juíz deciciu, mas acho que decidiu mal, então o que decidiu não tem valor para mim". Ora se um membro do governo pode apresentar uma postura destas ao país, o que impedirá um dia o comum dos cidadão de o fazer também?

O exemplo deve vir de cima, sempre o ouvi dizer e assim o acredito também. Mas e se o exemplo que vem de cima apenas apresenta um descrédito aos valores fundamentais da democracia? Na falta de respeito pelos Tribunais? Pela ordem e pela lei?

Enfim. Não sei responder. Na volta, a verdadeira democracia é assim!

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